quarta-feira, 30 de abril de 2014

"As chances de haver vida em outros planetas são muito altas"

Elisa Quintana, astrofísica responsável pelo estudo que anunciou o Kepler-186f, planeta semelhante à Terra, acredita que encontrar vida em outros planetas é apenas questão de tempo. Nesta entrevista, ela explica qual a relevância da descoberta e conta como ela irá nos levar a rever nosso papel no universo onde vivemos

A equipe de 23 cientistas responsável pela descoberta do Kepler-186f foi liderada por Elisa Quintana, uma astrofísica que trabalha há oito anos no Seti, sigla em inglês para Busca por Inteligência Extraterreste (Search for Extraterrestrial Intelligence Institute). O local, fundado em 1984 na Califórnia, Estados Unidos, tem seus projetos patrocinados pela Nasa e emprega mais de 120 cientistas com o único propósito de explorar e explicar a origem e natureza da vida no universo. Em outras palavras, seus pesquisadores procuram, com a tecnologia mais avançada do mundo, encontrar seres alienígenas.
O objetivo de Elisa, a astrofísica que, desde 1999 trabalha em projetos da agência espacial americana e também é pesquisadora da missão Kepler, é encontrar planetas como o descoberto no último dia 17, capaz de abrigar água na forma líquida. Para ela, a revelação de muitos planetas semelhantes à Terra é apenas questão de tempo. E eles vão mostrar que as chances de existir vida no espaço, além de nós, é praticamente uma certeza. “Se descobríssemos que planetas das dimensões da Terra não eram comuns, isso também nos traria lições importantes – como a de que, talvez, a vida seja algo especial”, diz a pesquisadora.
Nessa entrevista ao site de VEJA, a cientista explica qual a importância da descoberta do planeta Kepler-186f e conta como essa revelação vai nos levar não só a uma nova compreensão do universo, mas também a rever nosso papel no cosmo.
Sua equipe descobriu um planeta do mesmo tamanho da Terra, na zona habitável de uma estrela. Esse é o primeiro dos planetas assim que serão revelados no futuro? Essa descoberta mostrou que planetas como esse realmente existem. O passo seguinte é encontrar mais desses e descobrir os que estão perto da Terra para podermos medir sua massa e observar suas atmosferas. Isso será possível com a próxima geração de telescópios da Nasa, como o James Webb, que será lançado em 2017 para substituir o Hubble.
De acordo com a última estimativa, só em nossa galáxia seriam 40 bilhões de planetas parecidos com o nosso. Então teríamos essa quantidade de novas descobertas? Esse é o número mais aceito. Há muitos planetas na Via Láctea. E a maior parte deles pode, em teoria, ser do tamanho da Terra ou menores, mas ainda não foram revelados porque são difíceis de encontrar. O fato de que nós descobrimos apenas um planeta do mesmo tamanho da Terra até agora não significa que eles não sejam abundantes. Eles simplesmente ainda não tinham sido vistos. Além disso, a missão Kepler não monitora muitas estrelas anãs, como a do Kepler-186f, porque elas são as mais obscuras para se ver.
Então a descoberta de sua equipe é apenas a consequência natural do avanço da ciência, dos telescópios e dos estudos astronômicos? A missão Kepler foi construída com o propósito de encontrar planetas com o mesmo tamanho da Terra e determinar sua frequência ao redor de outras estrelas além do Sol. Esse era o seu objetivo e, por isso, a descoberta não nos surpreendeu. Se descobríssemos que planetas das dimensões da Terra não eram comuns, isso também nos traria lições importantes — como a de que, talvez, a vida seja algo especial. Estamos descobrindo que existem vários mundos parecidos com o nosso e, por isso, as chances de haver vida em outros planetas são muito altas.
E por que revelações assim são importantes? Porque elas nos mostram a frequência de planetas além do nosso Sistema Solar, nos ajudam a estudar suas atmosferas e composição. Mas, principalmente, nos levam a responder a questões como ‘estamos sozinhos no universo?’ ou ‘será que existe vida além do Sistema Solar?’
E que tipo de vida seria essa? Isso é difícil de responder. Qualquer forma de vida encontrada seria significativa. No instituto onde trabalho, meus colegas procuram sinais de rádio que poderiam vir de formas de vida inteligentes de outros planetas. Outras equipes, que trabalham com astrobiologia, buscam qualquer forma de vida fora da Terra, o que inclui o estudo de Marte, do gelo em Europa (uma das luas de Júpiter) e nas luas de Saturno. Eles também estudam seres em ambientes extremos, tentando compreender a flexibilidade da vida, como o funcionamento biológico de vermes que vivem no fundo de oceanos ou outros organismos que podem viver sem água por décadas, sobreviver a radiações intensas e depois voltar ao normal com uma única gota de água. Eles são fascinantes!

De acordo com o que você diz, a descoberta de planetas parecidos com a Terra vai aumentar e a probabilidade de encontrar outras formas de vida também será maior. Quais seriam as consequências disso? Pessoas como eu, que estudam planetas fora do Sistema Solar, procuram lugares em que existe água porque a vida, como conhecemos, precisa de água, e porque tudo o que podemos monitorar com a tecnologia atual são o vapor d’água ou outros elementos assim na atmosfera. É claro que esses novos planetas podem ter tipos de vida muito diferentes de tudo o que conhecemos, mas, já que não podemos detectar coisas assim, usamos a definição de ‘habitável’ como sendo algo parecido com a Terra e capaz de ter água líquida na superfície. Essa é uma concepção que coloca a Terra como parâmetro, porque achamos que a vida só pode existir na presença de oceanos como os nossos. Mas, no fundo, procuramos por lugares que sejam lar de qualquer forma de vida detectável. Se isso for encontrado, não só irá nos levar a uma compreensão do universo de uma forma completamente nova como nos fará rever nosso papel no cosmo. Deixaremos de ser os únicos seres vivos do universo.
Fonte: Veja

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Cientistas descobrem oceano em uma das luas de Saturno

Mar de Enceladus tem 10 km de profundidade sob grossa camada de gelo.
Não foi possível determinar se existe alguma forma de vida.

Ilustração feita pela Nasa mostra simulação do oceano na parte sul de lua de Saturno (Foto: NASA/JPL-Caltech/Divulgação)


Cientistas descobriram um vasto oceano sob a superfície gelada de uma das luas de Saturno, a Enceladus. Pesquisadores italianos e norte-americanos fizeram a descoberta usando a sonda Cassini, da Agência Espacial Americana (Nasa). Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira (3). Saturno tem mais de 60 luas orbitando ao seu redor.
Este novo oceano está centrado no polo sul de Enceladus e pode abranger boa parte da lua, que tem 310 milhas de diâmetro. Os dados obtidos não mostram se o oceano se estende até o polo norte da lua de Saturno. Nuvens de vapor de água e gelo foram detectadas pela primeira vez em 2005 na região polar sul.
Segundo Luciano Iess, da Universidade de Ciências de Roma, o mar tem 10 km de profundidade sob grossa espessura de 30 a 40 km de gelo.
Os pesquisadores não conseguiram determinar se o mar abriga alguma forma de vida. Para isso são necessários instrumentos de busca mais sofisticados.
Nuvens de vapor de água foram detectadas na região polar sul (Foto: NASA/JPL-Caltech/Divulgação)



G1

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Astrônomos descobrem a idade da Lua

Há muito tempo sabe-se que a nossa lua se formou depois que a Terra foi atingida por um planeta do tamanho de Marte há bilhões de anos, mas quando isso aconteceu era até bem pouco tempo atrás motivo de debate.
Astrônomos descobrem a idade da Lua
Alguns cientistas acreditavam que o evento ocorreu cerca de 30 milhões de anos após a formação do sistema solar, enquanto outros afirmam que isso aconteceu até 100 milhões de anos depoisUsando medições do interior da Terra, juntamente com simulações de computador, uma equipe internacional de cientistas planetários afirma que a última estimativa é a mais correta- e descobriram através do que eles estão chamando de um “relógio geológico”.
Pesquisadores da França, Alemanha e EUA realizaram 259 simulações em computador do crescimento de Mercúrio, Vênus, Terra e Marte.Durante esta análise, os cientistas descobriram uma ligação entre quando a Terra foi atingida, e a quantidade de material adicionada à Terra após o impacto.
Esta relação funciona como um relógio, até à data do evento de formação da lua. Segundo os cientistas, este é o primeiro “relógio geológico” na história do sistema solar, isto é, que não depende de medições e interpretações do decaimento radioativo de núcleos atômicos para determinar a idade.
“Estávamos ansiosos para encontrar um “relógio” para o tempo de formação da Lua, que não depende de métodos de datação radiométrica”, disse o principal autor Seth Jacobson, do Observatório de la Cote d’Azur, em Nice, na França.
O estudo demonstrou que a abundância de elementos altamente siderófilos no manto da Terra – elementos atômicos que são quimicamente relacionados com ferro – é diretamente proporcional à massa liberada após o impacto da Terra.
A partir destas medições geoquímicas, o relógio recentemente estabeleceu que a lua se formou aproximadamente 95 milhões de anos após a origem do sistema solar – com um grau de incerteza entre 32 e 39 milhões de anos.

 http://misteriosdomundo.com/astronomos-descobrem-idade-da-lua#ixzz2xpkSkkJ6